Queridos,
Estava lendo o livro A refeição como base da vida social, da escritora Gudrun Burkhard, da Editora Antroposófica; esse livro foi minha ultima aquisição, e me identifiquei muito com um texto dele, que relata extamente o que eu sinto sobre as refeiões, principamente sobre refeições compartilhadas.
Então resolvi dividir com vocês um pedacinho desse maravilhoso livro. Vale muito a pena a leitura, espero que essa leitura seja tão proveitosa para vocês, como foi para mim. Colocarei em negrito as partes o texto que considero de suma importância.
Boa Leitura a todos!
A Refeição como base da vida Social
" Na antiguidade, a refeição possuía um significado todo especial.
Não se tratava apenas de receber alimento no sentido físico, mas do "alimento Espiritual". As pessoas, tais como viajantes, Reis de outros Países e os mensageiros eram convidadas para as refeiçoes e , essas ocasiões, divulgavam-se as notícias. Quando um Rei de um lugar visitava outro, trocavam experiências. A visita estendia-se até que a "fome e a sede estivessem saciadas". Cada povo comunicava o que tinha desenvolvido, tal como habilidades especiais, descobertas etc.
Na idade média, aproveitavam-se as refeições para se contar aventuras. As pessoas ficavam tantos dias para comer, quantos fossem necessários para se narrar os acontecimentos. Era, portanto, o ponto onde se davam as trocas sociais.
Alias, até hoje são combinados almoços e jantares para se tratar de negócios. Também a troca de idéias políticas, em grande parte, se faz à mesa.
A refeição comum cria relações entre as pessoas. A palavra "companheiro" inclusive contém este elemento: com = comum / pan = pão; em companhia a refeição torna-se mais gostosa.
Certas regras sociais que são obedecidas até hoje não são apenas mera etiqueta, mas obedecem às necessidades básicas do ser humano. Todavia, em muitas atividades, essas regras não são mais levadas em consideração, como por exemplo, prestar atenção se todos foram servidos, se há necessidade de oferecer um prato especial, esperar para comer até que todos estejam servidos, oferecer mais quando alguem termina, não se levantar da mesa enquanto os outros estiverem ainda comendo - enfim, na mesa devemos nos ligar uns com os outros, demonsrar profundo interesse e indagar se todos estão satisfeitos. Se isso acontece, forma-se uma atmosfera livre e agradável e as pessoas sentem - se à vontade.
Por que isso é possível justamente ns refeições? Quando comemos, acolhemos vida em nós que é desprendida da substância. Mas o que é vida? o fisíco Max Planck diz: "Vida é espírito". E Angelus Silesius: " o alimento que existe no pão, não é o pão. É a palavra eterna de Deus, é vida, é Espírito."
O espiritual desprende-se das substâncias vivas no ato da refeição e se irradia pelo ambiente. Naturalmente vai depender da qualidade do alimento e da atitude dos participantes.
Na refeição, há união espiritual que vem do alimento com o anímico das pessoas, formando uma aura toda especial. Muitas vezes, quando comemos em uma boa atmosfera, costumamos usar a expressão " comemos com Reis".O oposto sucede quando a nobreza do ser humano, que aparece principalmente nas relações sociais, não está presente. Tem-se então, a impressão de que comemos como bestas ou usamos a expressão "ele come como um porco".
Na palestra "A Moral Teosófica", Rudolf Steiner fala que a virtude da alma, da consciência é a ponderação. É nas refeiçõesque mais se pode aplicar essas virtude...
A imagem arquetípica do social na refeição é encontrada na Santa Ceia, onde Cristo com seus 12 discípulos repartem o pão eo vinho. Essa imagem é ressuscitada na Idade Média com a Távola Redonda do Rei Artur.
A base para a vida social da Família
A refeição pode ser também um encontro familiar. Para isso, temos de criar um ambiênte propício - Não se deve haver correrias neste horário; estar presente não por abrigação rotineira; desligar televisão e Rádio e, principalmente, o telefone Celular, colocar de lado o jornal ou as revistas;não atender ao telefone ou campainha; enfim, cada um deve ser ele mesmo e apreciar o momento da dádiva divina. Se possível, iniciar a refeição com uma prece de agradecimento. Os alimentos devem ser bem mastigados. É um momento em que podem surgir conversas amistosas; as discussões devem ser deixadas para outra ocasião, pois só atrapalharão o processo digestivo. Além disso, não podemos nos esquecer de que algumas pessoas são mais sensíveis que outras. Assim, por exemplo, se os pais discutem a mesa, o filho pode se sentir mal e vomitar em seguida, passando a ter inapetência nas refições.
A refeição poderá ser um momento solene que pode ser acentuado aos domingose nas festas anuais. Não é a quantidade de alimentos e o vinho que dão festividade a refeição, mas sim a nossa atitude perante os alimentos, os outros e nós mesmos. Em aniversário, o aniversáriante poderá ser servido com sua comida predileta e o seu lugar poderá ser enfeitado com flores.
Ainda uma citação de Rudolf Steiner que nos parece importante com relação a qualquer fanatismo dietético: " Quanto mais dependemos de coisas especiais para nossa alimentação e de tudo que se refere ao mundo externo, mais nos tornaremos seres anti-sociais. O significado da Santa Ceia não se baseia no fato de Cristo ter dado algo especial a cada um dos discípulos, mas de ter dado o mesmo a todod. O fato de estarmos juntos quando comemos ou bebemos tem um grande significado social. E tudo aquilo que tende a eliminar esta natureza social do indivíduo, terá de ser avaliado cuidadosamente."
Queridos, a seguir colocarei uma oração feita pela minha filhinha linda durante um jantar da minha família, essa prece antes da refeição feita por ela, nos emocionou e surpreendeu muito. Ela aprendeu essa linda oração com a sua querida Tia Olga, professora mais que especial do Jardim.:
Tu que reinas
Acima da estrelas,
Faz-nos dignos
De receber com devoção
O que a terra nos dá.
O livro tem várias receitas, vou testá-las e depois conto par vocês.
Muita Luz para todos!!!
